As visitas de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) no município de Brasil Novo ocorreu dos dias 18 a 20 de março de 2024, com o objetivo de acompanhamento e planejamento das novas áreas de plantio de cacau e monitoramento das áreas já implantadas, das famílias cadastradas ao projeto.
As comunidades que se refere a estas visitas são pequenas áreas, popularmente denominadas de “chácaras”, ou seja, são áreas que variam de 1 a 10 hectares, com cerca de 1.000 até 5.000 plantas de cacau. Para esta época do ano, o calendário agrícola da cultura, sugere o preparo de área para novos plantios, limpeza de plantas espontâneas na lavoura e poda fitossanitária.
Neste sentido, com o período de seca prolongado no verão amazônico passado, os novos plantios somente iniciaram efetivamente em fevereiro de 2024. Esta segue as seguintes recomendações:
- Seleção do local e análise do solo: é recomendado ao agricultor que seja escolhida uma área com boa capacidade de drenagem e posteriormente a realização de análise de solo da área, a fim de identificar parâmetros químicos e físicos.
- Preparação do solo: após a análise de solo, a equipe técnica faz a recomendação de calagem, caso seja necessário, para ajustar o pH e adubação para disponibilizar nutrientes essenciais para o plantio.
- Preparação das Mudas: é necessário que seja incorporado o substrato, que geralmente é uma mistura de solo orgânico e material de drenagem, como areia ou perlita. Após o enchimento das sacolinhas é adicionado uma semente em cada, pressionando levemente no substrato e cobrindo-a. Recomendamos que seja regado as mudas de cacau recém-semeadas suavemente para garantir que o substrato fique úmido, mas não encharcado. Além de manter as mudas em um local protegido do sol direto e ventos fortes, quando em viveiro recomendamos sombrite a 50%.
- Monitoramento do Viveiro: recomendamos também o monitoramento regular das mudas quanto à umidade do substrato, pragas e doenças. É importante evitar o ressecamento para que não tenha aborto da semente nem posterior senescência da plântula. As mudas entram em processo de homogeneização do seu tamanho a partir de 30 a 40 dias.
- Marcação e espaçamento: a demarcação do local das covas no terreno deve ser feita de acordo com o espaçamento desejado entre as plantas. O espaçamento que recomendamos é de 3×3, com capacidade 1.111 plantas por hectare.
- Plantio: recomendamos covas de até 40 cm de profundidade, visando garantir boa fixação do sistema radicular.
- Tratos culturais iniciais: após o plantio é importante que seja aplicado adubo de acordo com as necessidades nutricionais das plantas e as recomendações da análise do solo, e controle mecânico das ervas daninhas ao redor das mudas para evitar competição por nutrientes e água.
- Manutenção contínua: recomendamos o monitoramento regular das plantas, quanto a sinais de doenças, pragas, deficiências nutricionais e necessidade de poda.
Este planejamento é realizado cuidadosamente junto a cada agricultor visando garantir o estabelecimento bem-sucedido de novas áreas de cacau e o desenvolvimento de uma lavoura saudável e produtiva. Foi observado nas lavouras já estabelecidas, a presença de dois insetos considerados praga na lavoura do cacau: a lagarta que come o fruto jovem do cacau conhecida popularmente como “lagarta mede palmo” (Peosina mexicana), um besouro que se alimenta das folhas conhecido popularmente por “vaquinha do cacaueiro” (Taimbenzinha theobromae). Nesta época do ano, a incidência de alguns insetos se dá pelo período de revoada e produção das espécies. Dessa forma o monitoramento das lavouras é fator determinante para intervenção, quando afetam a produtividade.
Ao final das visitas, foi aplicado um diagnóstico de satisfação, onde o agricultor pode demonstrar sua percepção com a Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), oferecida pela equipe técnica da Fundação Viver, Produzir e Preservar (FVPP). É importante ressaltar que o período de chuva influencia diretamente na logística de visita nas propriedades das famílias cadastradas no projeto, levando em consideração o grande volume de chuvas no período de inverno amazônico e nas comunidades a infraestrutura das estradas.
Neste sentido, o planejamento de área junto aos agricultores(as) otimiza o uso dos recursos disponíveis, como solo, água, fertilizantes e mão de obra. Isso contribui para uma produção mais eficiente e sustentável, reduzindo desperdícios, impactos ambientais negativos, perdas de safra devido a condições climáticas desfavoráveis, pragas ou doenças. Tudo isso, gera a curto e médio prazo aumento da renda, promove sustentabilidade ambiental, incentiva práticas agrícolas que conservem os recursos naturais, protege a biodiversidade e minimiza os impactos negativos sobre o meio ambiente.
Esta iniciativa é apoiada pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento (NORAD/Puzzle).