Em Altamira a Surdez não é mais uma limitação

10 de maio de 2017

“Com apoio do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu, 150 jovens e adultos ganharam o direito de se comunicar”

 

A audição é o sentido que mais nos aproxima, e permite o homem viver em sociedade. Ouvir é um bem de valor inestimável. A importância da audição para o homem é quase que um mero detalhe, que só passa a ser mensurado, quando faz falta.

 

A surdez por sua vez é invisível, e talvez por isso não receba da sociedade a mesma atenção que é dada a portadores de outras deficiências, obrigando essas pessoas a se afastar por completo do convívio social, e viver isoladamente.

 

Em Altamira, há cerca de dois anos, esse isolamento se transformou em oportunidade quando um grupo de jovens percebeu que era hora de se comunicar com o mundo, e de certa forma, se comunicar com eles mesmos. Foi assim que surgiu o Instituto Cultural Educacional e Profissionalizante dos Surdos de Altamira, uma instituição sem fins lucrativos, que tem como principal objetivo a inclusão de pessoas com alguma deficiência auditiva.

 

O projeto logo de cara chamou a atenção de uma outra entidade, a Fundação Viver Produzir e Preservar, que já tinha em seu currículo uma vasta experiência em inclusão através de políticas sociais. Com apoio da FVPP, o Instituto recebeu incentivo do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu, e ganhou uma sede, computadores para aulas de informática, e a possibilidade de contratar instrutores de Libras, a língua dos sinais.

 

A ideia que parecia simples: ensinar portadores de deficiência auditiva a se comunicar, se mostrou de fato ser bem simples. João Batista, que coordena a FVPP, e foi um dos apoiadores do projeto, defende o financiamento, ele fala que não se pode permitir que uma pessoa seja obrigada a viver na escuridão social por falta de oportunidade: “Lá eles aprendem a se comunicar, a desenvolver suas habilidades, eles aprendem que podem conviver como qualquer pessoa, aprendem que não precisam se esconder”, destaca.

 

Símbolo da luta pela inclusão dos portadores de surdez em Altamira, Alceu Dias Filho, que hoje coordena o Instituto, aprendeu a se comunicar com a irmã mais velha, que é educadora, e buscou a Libras para dar voz ao irmão. Hoje já são 150 jovens e adultos, que realizam todo tipo de atividade, trabalham, e vivem naturalmente. Os problemas ainda existem, mas segundo Alceu, nem se comparam à época em que eles não tinham como se expressar. “Nós nunca tivemos apoio, era como se nós não existíssemos, eu sei que ainda há muito a se superar, mas com o apoio da fundação, com os cursos, nós vamos dar voz a muitas outras pessoas, isso é uma vitória, é a nossa vitória”, declara.

 

No Instituto acontece uma série de oficinas para formação em libras, e quem participa pode aprender a se comunicar, ou se aprofundar nos cursos e ter uma formação profissionalizante. O financiamento para esse projeto faz parte de uma ação ainda maior, o Projeto Violão: por uma sociedade organizada, inclusiva, e culturalmente fortalecida, que tem levado música para as Casas Familiares Rurais da região. “Esse apoio é o resultado de um projeto grandioso, que veio para dar voz ao jovem do campo, ao jovem da cidade, a quem queria falar e não tinha como, é um projeto lindo, admirável, que merece muito o nosso respeito pelos resultados que tem trazido, e que ainda vai produzir”, defende João Batista, da FVPP.

Assessoria de Comunicação FVPP

Veja também