Professora da UFPA, Ana Paula Souza, representa o Movimento Social em debate sobre o acordo comercial Mercosul-União Europeia realizado na Bélgica e França.

De 04 a 15 de março de 2023, Ana Paula Santos Souza, professora da Universidade Federal do Pará, participou representando a Fundação Viver Produzir e Preservar, a convite do IPAM, ISA, FERN e outras lideranças, de uma jornada de reuniões em Bruxelas (Bélgica) e Paris (França), para tratar da posição dos movimentos sociais (agricultores familiares, quilombolas, povos indígenas e extrativistas) e ONG nacionais e internacionais sobre o Acordo Comercial Mercosul-União Europeia. Tem quase duas décadas que esse acordo está na mesa dos governos, mas somente nos últimos anos caminhou para uma ratificação entre os países participantes. Do lado do Mercosul (Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai) e do lado da UE são 27 países que compõe o bloco europeu. Muitas preocupações têm despertado tal acordo, especialmente por tratar de uma negociação que prevê a redução das barreiras tarifárias para os países do Mercosul exportar carne, soja, frango, etanol e açúcar. Ou seja, ampliar a produção de commodities, nesse conjunto não estão incluídos os agricultores familiares, por exemplo. O acordo beneficia o grande agronegócio, que em todos os países do Mercosul está imbricado no desmatamento de florestas, uso exacerbado de agrotóxicos, grilagem e violência no campo.

No Governo Democrático de Lula não pode acontecer assinatura de acordos que impactem significativamente nossas vidas sem discutir conosco. Durante a visita, foram realizadas reuniões com deputados e deputadas do parlamento europeu , ONG internacionais, imprensa, visita a agricultores familiares belgas, embaixada brasileira e o parlamento francês, em Paris. O frio abaixo de zero e as conversas sempre em 4 línguas nos deixavam exauridos no final da noite, Mas a recepção sempre foi calorosa. O objetivo era sempre lembrá-los que os países do Mercosul não podem seguir sendo apenas provedores de matéria prima para a Europa e que essa dinâmica comercial histórica tem gerado consequências econômicas, sociais e ambientais desastrosas para todos nós, especialmente aos mais vulneráveis. Sigamos acompanhando de perto o desenrolar do acordo.