Seminário discute impactos de Belo Monte na pesca na região do Xingu

6 de junho de 2017

Um tradicional modo de vida modificado como consequência das obras da Usina Hidrelétrica Belo Monte: o dos pescadores. O assunto foi debatido durante o I Seminário Status da Pesca na Região Impactada por Belo Monte, realizado nos dias 29 e 30 de maio, no Auditório Petrini Girardeli, da UFPA. O pescador Edvaldo Xipaia compareceu ao encontro e fala da realidade da comunidade nos dias atuais. “O empreendimento não quer reconhecer a categoria pesqueira como impactada, o tempo vai passando e isso traz uma grande preocupação pra nós que nunca ganhamos nem um remo sequer pra pescar. Todos os dias estamos batendo na mesma tecla. O peixe hoje desapareceu com o enchimento do lago (da hidrelétrica)”, afirma.

 

O Seminário foi realizado pela Fundação Viver, Produzir e Preservar, FVPP, com apoio do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu, PDRSX (projeto 105-2014), e reuniu instituições como Norte Energia, Ministério Público, Defensoria Pública, Procuradoria, órgãos de proteção ao meio ambiente e associações de pescadores de Altamira e outros municípios da região.

O objetivo do encontro é analisar exatamente a situação em que essas famílias tradicionais e ribeirinhas se encontram, com as mudanças ocasionadas pela construção da usina. “Queremos promover um processo de interação dessa categoria, que está discutindo todo o Termo de Compromisso feito entre Norte Energia, Governo Federal, relacionado ao Plano Básico Ambiental das condicionantes de Belo Monte”, explica o representante da FVPP, João Batista Uchôa. Para ele, dos compromissos feitos com os pescadores, muito pouco foi cumprido. “Trata-se de uma categoria que foi muito prejudicada socialmente com a escassez do pescado e não houve uma reparação no sentido desse impacto que foi causado pela questão de Belo Monte”, alerta.

Segundo os ribeirinhos, desde o início das obras, no papel, o sustento das comunidades que dependiam da pesca na região está garantido, mas na prática, a realidade é outra. “Nós entramos na área do impacto, mas nunca ninguém se manifestou para dar qualquer tipo de justificativa e nem de indenização. Então nossa briga hoje é por essas indenizações e o que eles devem fazer por nós”, aponta Edvaldo Xipaia.

A partir do seminário, um plano estratégico de ação será traçado para fortalecer a organização dos pescadores. “Tem muita família que hoje, após a criação do Conselho Ribeirinho, em janeiro de 2017, foi reconhecida pelo Governo Federal. Esse conselho foi criado pelos nativos ribeirinhos e já localizamos muitos colegas que viviam da atividade pesqueira e hoje moram de favor na cidade e passam necessidade”, argumenta Edvaldo. Uma comissão permanente foi formada, com representantes de cada organização presente, para fazer um monitoramento constante e dar continuidade à estratégia de aquicultura e pesca. “Hoje eu tive mais uma esperança com a presença de vários órgãos que estão nos apoiando aqui hoje”.

Assessoria de Comunicação FVPP