O som que vem do campo

25 de abril de 2017

Fundação Viver Produzir e Preservar leva música para as Casas Familiares Rurais através de projeto financiando pelo PDRSX

O som que vem do campo dá o tom nas Casas Familiares Rurais (CFRs) de toda a região. São os primeiros acordes de um projeto grandioso, que nasceu do sonho de um professor lá de Pacajá, e que hoje alegra as aulas em oito municípios. Com apoio do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu – PDRSX, os violões chegaram até os alunos, e assim surgiu o Projeto: Por uma sociedade organizada, inclusiva, e culturalmente fortalecida.

 

Quem vê hoje os alunos tocando, nem imagina o quanto é simples ensinar jovens de comunidades rurais a pegar um violão. Alunos das CFRs de Altamira; Anapu; Brasil Novo; Senador José Porfírio; Pacajá; Placas; Uruará, e do KM 23, selecionados pelo projeto, que tem como foco a interdisciplinaridade. Usar a música para incentivar a educação não é novidade, mas entre estudantes de comunidades rural, se mostrou uma revolução.

Baseado na ideia do saudoso Professor D’Assis Pinheiro, que trabalhou na CFC de Pacajá, e sonhava com a implantação de aulas de violão nas escolas, a Fundação Viver Produzir e Preservar – FVPP, resolveu comprar o desafio, e inscreveu o projeto na Câmara Técnica de Inclusão Social do PDRSX. A ideia foi aprovada, e 80 violões adquiridos pela fundação. Começava ali a realização de um sonho antigo, que aos poucos se materializava.

O projeto disponibilizou os equipamentos, e incluiu na grade curricular dos estudantes, pelos menos seis oficinas de 20 horas aulas, planejadas pelo maestro Jorge Paes, que ainda é responsável pela orientação dos professores, e a instrução de algumas das aulas. Para atender a todas as Casas Familiares Rurais, foram criadas turmas de 20 alunos em cada município, mas assim que as aulas começaram, uma nova surpresa: quem tinha violão em casa, ou conhecia alguém que possuía um instrumento, tratou de se inscrever na turma de música, e aos poucos, o número de interessados foi se multiplicando.

Encabeçado pela FVPP, o projeto é considerado uma conquista para quem já atuou nas CFRs, como João Batista Uchôa Pereira, que por muitos anos, ministrou aulas, e coordenou a CFR de Pacajá. “O projeto é o incentivo que esses meninos precisavam, algo como a cereja do bolo, eles estavam lá, mas nós sentíamos que faltava algo para que eles pudessem decolar, é assim que eu vejo esse projeto, como o ponta pé inicial para uma coisa ainda maior, eles têm capacidade, mas precisam de incentivo e o projeto violão é isso”, destaca.

O projeto tem revelado mais e mais interessados em seguir com as aulas, e o sucesso das turmas reforça ainda mais a certeza de que a ideia realmente valeu à pena. As aulas são a primeira parte do Projeto “Violão”, que ainda incluem intercâmbio entre as escolas para apresentações, e a participação das turmas em um Festival de Violão que vai acontecer no segundo semestre deste ano em Altamira. Os alunos irão se apresentar para o público, e tocar ao lado de músicos da terra, além de convidados de outras cidades do estado.

João Batista explica quem concluir o curso, receberá um certificado de Iniciação em Música (120 horas) e poderá levar ainda um outro prêmio, o de músico revelação. “Eu acho muito lindo esse projeto, eu me emociono a cada visita, recentemente estive em Anapu, onde uma turma me recebeu tocando, e tocando muito bem, eu achava que por ser muito recente, eles ainda estavam pegando as primeiras notas, mas na verdade eles se dedicaram tanto, que a coisa evoluiu de uma forma que eu realmente não imaginava, pra mim é sem dúvida um sonho realizado”, resume.

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